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domingo, 20 de setembro de 2009

O POETA FAGUNDES VARELLA E O TEXTO MEU: “POR MELHORES AMIGOS...”

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Biógrafos citam que, certa vez, o poeta Fagundes Varela – meu grande mestre do qual estou escrevendo um romance biográfico –, deprimido e frustrado que estava, escreveu um bilhete com um teor alarmante e sumiu por alguns dias da república onde morava. Amigos, encontrando o bilhete, fizeram a notícia correr a academia de Direito onde estudavam e, depois, a então pequena cidade de São Paulo (o fato aconteceu há exatos 100 anos antes de eu nascer). Amigos saíram a procurá-lo pela cidade. Onde estaria? Teria cumprido o que dizia o bilhete? Estaria vivo? Estaria morto?

Mas, afinal, o que dizia o tal bilhete e por quê que ele fizera isto? Simples, mas surpreendente: ele simulou um suicídio com o intuito de saber qual seria a reação causada pela notícia de sua morte, qual a opinião de todos à seu respeito, o que diriam... Também queria saber se tinha verdadeiros amigos na república e na academia, na cidade enfim.

Mas, cargas d’água, onde quero chegar contando esta velha e pouco conhecida historiazinha? Pois bem: há poucos dias, fiz um post neste blog, o “POR MELHORES AMIGOS”, onde forjei uma falsa situação, em que me colocava em crise existencial, passando por uma fase de inferno astral, e, assim, criticava supostos falsos amigos que dizia me atacarem. Mas isso não foi uma armadilha e não o fiz por maldade, aliás, nem acho que isso seja maldade, embora sabia de certos “riscos” que correria. Ainda assim, não escrevi mentiras ali, e, se realmente estivesse em crise e fizesse o post com tal propósito, aquelas opiniões valeriam mais ainda. Em tempo, o fdp inserido lá não corresponde à realidade e não quis ofender a mãe de ninguém – era apenas força de expressão.

Como disse no próprio texto, me referindo as frases que inseri: eu “De qualquer forma, mais dia ou menos dia, independente de meu estado emocional, ia mesmo fazer este post, e reforço esta opinião rememorando aos leitores que faz mais de 20 anos que coleciono frases alheias e que não gosto de manter guardado em segredo esse tipo de material.”. Então, como eu estava pensando mesmo em postar estas frases selecionadas e, coincidentemente, havia descolado umas fotos hilárias do técnico Bernardinho que vieram a calhar, além de ter lido recentemente a tal história do falso suicídio do Varella, isso me inspirou e achei a ocasião oportuna para fazer um “teste” semelhante, e assim o fiz, e deu no deu...

Normalmente, em situações como esta, as reações são até esperadas, e mesmo estereotipadas, já que as pessoas “mordem a isca facinho”, pois são mesmo previsíveis e nem sempre espertas como imaginam: uns, se “entregam”, pois desaparecem dos lugares de convívio, não te telefonam mais, inventam desculpas esfarrapadas; outros, não desaparecem, mas se “denunciam” por meio do receio de te encarar; outros ainda, mostram-se piores do que imaginávamos: te desprezam mais ainda, ou, no mínimo, de maneira besta, põem à prova se a amizade ainda existe. Nesse mesmo time, outros se mostram ofendidos, indignados, e, como se tivessem razão, ruins por natureza, se tornam mais virulentos do que são e partem para novas ofensas. A maioria fica apreensiva: “Serei um dos inimigos ou falsos amigos?” e se põe a escarafunchar a memória em busca de situações passadas para ver se tem “pendências” contigo. Seria surpreendente, se não fosse trágico... Já os verdadeiros amigos agem como se nada tivesse acontecido; uns, são solidários com tua crise e te escrevem desejando melhoras; já outros, se comunicam indiretamente por meio de frases que escrevem, frases consoladoras, ou de advertência ou mesmo frases com um certo teor malicioso, como se estivéssemos pagando por algum mal ou erro que cometemos: “– É prá tu aprender!”, mas a coisa não é bem por aí... QEntão, quantos fatos que ignorávamos vem à tona nestas situações; quantas opiniões a nosso respeito, de uma certa forma, vem à baila; quantas pessoas que imaginávamos que nada sabiam de ruim da gente ou mesmo falavam mal se manifestam de alguma forma nestas horas; os que “devem no cartório” caem que nem um patinho e se revelam; outros, do qual nada desconfiávamos, se tornam estranhos conosco. Outros ainda, que imaginam que pensamos que eles sejam um destes falsos amigos, nos desprezam, e tem ainda aqueles que nunca conviveram conosco e se arrogam o direito de quererem dar suas opiniões, mesmo que o façam por indiretas...

No final de tudo, a gente meneia a cabeça desconsolado, suspira com os ombros caídos, e depois ri consigo e vê como realmente é o ser humano, o velho ser humano que, em sua maioria, não foge à decepcionante regra – regra esta que é desnecessário dizer qual –, e conclui amargamente que a maior parte daquelas frases inseridas no post contém verdades eternas; truísmos que, ainda assim, muitos não se dão conta; sábios ensinamentos para uma vida toda; dicas de vivência e sobrevivência para usarmos nesta lamentável sociedade onde os simples, os despojados de ambições, os diferentes, os artistas ditos “loucos”, os incompreendidos, os invejados por seu talento e os sujeitos de bom coração são obrigados a digladiar sob o risco de serem esmagados.

Enfim, obrigado, verdadeiros AMIGOS!


PS: quanto à vocês, falsos amigos e inimigos, voltem lá no post e leiam novamente as 10 últimas frases (à partir de Alex Carrell), e, depois, ponham a mão na consciência se assim lhes convier...


FONTE:
AZEVEDO. Vicente de. Fagundes Varela. Martins Editora. São Paulo, 1966, pág. 106-109.

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