quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CHUVA DE METEOROS PODERÁ SER VISTA NA MADRUGADA DE HOJE E AMANHÃ


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Quem abriu o Gooogle hoje, pôde se deparar com uma ilustração diferente no cabeçalho, e deve ter-se perguntado o que significava aquilo. Pois bem: hoje e amanhã, dia 12 e 13 de agosto, se dará o auge de uma das inúmeras chuvas anuais de meteoros que acontecem em nosso planeta - a famosa Perseídas, conhecidas popularmente como “Lágrimas de São Lourenço”. A Perseídas recebe esse nome porque seu radiante (o ponto onde surgem no céu) se encontra na constelação de Perseu.

Na foto, meteoro das Perseídeas em 1988, foto de - Steve Traudt - Synergistic Visons.

Das chuvas de meteoros mais importantes do ano, as Perseidas são, sem dúvida, uma das que mais se destacam, podendo ser visíveis durante duas a três semanas, e, este ano, segundo várias estimativas, ocorrerá uma chuva melhor que nos anos anteriores. Geralmente, elas ocorrem no período que vai de 23 de julho a 22 de agosto, mas este ano o pico se dará hoje e manhã, dia 12 e 13, quando a Terra estará cruzando a região mais densa dessa esteira, dando origem à uma das principais chuvas de meteoros que podem ser observadas no firmamento. No entanto, a chuva poderá ser vista nos dias seguintes, com o número de meteoritos diminuindo aos poucos de intensidade.

Foto de autoria de Fred Bruenjes, da chuva Perseídas ocorrida em 24 de agosto de 2004

* Clique na imagem para vê-la em tamanho maior e com mais detalhes, e depois tecle F11 para visualizá-la melhor.

Esses meteoros são micro fragmentos deixados pelo cometa Swift-Tuttle (1862 III) que ficaram para trás, formando grande esteira de poeira espacial. Isso se dá quando um cometa se aproxima do Sol e algumas partes derretem e se rompem, produzindo milhões de fragmentos de gelo e poeira, que formam um cinturão constituído em sua grande maioria de partículas do tamanho de um grão de arroz.

O cometa Swift-Tuttle 1862 III, em foto de Herman Mikuz, 15 de dezembro de 1992

A taxa estimada das Perseídas é de 80 meteoritos por hora. Vale esclarecer que o período orbital deste cometa é de 135 anos, e sua última aparição se deu em dezembro de 1992. Neste ano, foram observados mais de 300 meteoros por hora, ou seja, mais de 3 vezes a quantidade habitual. Desde então, sua intensidade foi minguando até chegar ao nível normal, entre 60 a 100 meteoros por hora. Como se vê, não é bem uma chuva, mas vale observá-las pois podemos ter a certeza de que veremos muitos meteoritos na região indicada. Os meteoros podem aparecer em qualquer ponto do céu, mas as trilhas luminosas deixadas por eles irão sempre se originar em Perseu. Os meteoros são rápidos, com velocidades de entrada na atmosfera de cerca de 59km/s.

Animação hipotética representando uma chuva de estrelas de grande intensidade, como a que ocorreu em 27 de novembro de 1872. Esta, foi uma chuva literalmente – durou das 7 horas da noite à 1 da madrugada. Caíram cerca de 450 meteoros por minuto. Foi a mais sensacional chuva de estrelas já contemplada pela humanidade no século XIX.


Um excelente vídeo com meteoritos das Perseídas


Esquema do processo de formação de uma chuva de estrelas

O fenômeno ocorre quando a Terra intercepta a área onde eles orbitam: eles invadem a atmosfera do planeta e se inflamam, podendo ser vistos como riscos luminosos, ao que também se dá o nome de “estrela fugaz”, nome que, por sinal, eu adorava ouvir quando era criança e me iniciei nos prazeres da astronomia. Os maiores costumam deixam rastros brilhantes ao longo das suas trajetórias. Estes rastros são como cilindros formados pelos gases em expansão que permanecem visíveis desde alguns segundos até alguns minutos.


Observando as Perseídas

Para vê-las nessa madrugada, o ideal é ir até um local escuro, quanto mais longe da cidade melhor. Uma cadeira reclinável e um cobertor permitirá ver o céu de maneira mais confortável. Oriente-se pela carta celeste abaixo. Ela mostra o céu do quadrante norte por volta das 3 horas da manhã, quando a constelação de Perseu já estará à meia altura do céu. Se você não souber onde fica o Norte, é simples: a constelação se elevará no lado esquerdo do ponto onde o sol nasce, surgindo por volta da meia-noite, e a partir desse horário já será possível observar alguns meteoros. A Lua nascerá pouco antes da meia-noite, o que significa que vai estar pelo resto noite no céu, e em quarto minguante com 58% do disco iluminado, os meteoros menores certamente ficarão invisíveis.


Fotografando as Perseídas


Pode parecer uma coisa complicada, mas o advento das máquinas digitais veio permitir que qualquer pessoa, mesmo não sendo astrônomo amador, fotografe o céu noturno com mais facilidade. Se a máquina tiver o recurso de fotos com longas exposições de tempo (posição T, B ou M), regule para o tempo máximo – que geralmente é de meio minuto; depois, abra o obturador ao máximo (f2.8 está ótimo), e não se esqueça de colocar a sensibilidade para 400 ASA, caso esteja longe da cidade, pois a luz residual urbana pode comprometer a foto tornado-a muito clara. Em seguida, instale a maquine num tripé e aponte-a para a constelação. Para quem não possui cabo disparador com trava, faça o seguinte: coloque a mão em frente da lente ocultando-a e pressione o obturador, tirando a mão bem lentamente em seguida – isto evita que a foto saia tremida com o pressão do disparo. Desnecessário dizer, mas dê preferência para fotografar no auge da chuva. Não se esqueça de levar jogos extras de pilhas, pois fotos com exposição de tempo esgotam-nas mais rapidamente.

Foto de um meteorito da Perseídas em 1997, por Rick Scott e Joe Oman


Uma dica

Tome todo o cuidado para não apontar os meteoritos que caem, pois, como reza a crendice, apontar estrelas com o dedo pode causar verrugas nele... Como curiosidade, reproduzo aqui a fala de um personagem do meu novo livro em andamento – “O Romeiro da Maldição - As reinações do poeta Fagundes Varella”–, que ao observar uma chuva desse tipo ocorrida em 27 de novembro de 1872, quando caíram cerca de 450 meteoritos por minuto, e as prováveis conseqüências de se apontar o dedo para uma estrela cadente, disse brincando:

– “Se você acredita em crendices, 'seu' Benedito, acho bom manter sua mão abaixada, senão o mau-agouro deste cometa vai fazer ela vai ficar empelotada que nem tronco de paineira!”

Mas, vendo pelo lado bom da coisa, se vocês acreditam mesmo que fazer um pedido secreto a uma estrela que cai ele se realiza, aproveitem, porque hoje poderão fazer centenas de pedidos! E, nos pedidos bons, lembrem-se de mim!...


A nave Space Shuttle na base de lançamento, e um meteoro das Perseídas, em 4 de agosto de 2009, foto de Stephen Clark. Curioso, como o meteoro parece dirigir-se à nave.

NOVIDADES: Fotos das Perseídas feita em 12-8-2009


Meteoritos das Perseídas, em 12-8-2009, foto de Mario Anzuoni, Reuters, Los Padres National Forest, Califórnia.


Um meteoro da chuva de Perseídas, parque Frazier, Califórnia, 12-8-2009

Fontes:

8 fontes. Consultar o autor

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

MUTANTES AO VIVO, DISCO PIRATA DE 1975, TEATRO PHILADELFIA, LONDRINA

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De presente, para os rockeiros visitantes do APÓLOGO 11, um disco ao vivo pirata dos Mutantes, de um show realizado em 1975, em Londrina, no teatro Philadelfia. O repertório inclui uma música do LP "Tudo Foi Feito Pelo Sol", e outras 4 novas e inéditas, dentre elas uma que viria a integrar um compacto duplo lançado em 1976, "Cavaleiros Negros".

Esse registro não é de minha autoria - ele foi extraido do blog Rock Progressivo BR, mas como não existia uma capa adequada para ele, eu fiz uma e a disponibilizo aqui. Copie as capas pois elas não fazem parte do link da gravação.


* A foto utilizada na capa, é de autoria de Marcelo Paschoal, e de propriedade do amigo Fernando In, que gentilmente disponibilizou-a no Orkut.


Numa entrevista dada ao site WHIPLASH em 08/09/07, o ex-baixista da banda, Antonio Pedro Fortuna (foto) comenta essa gravação e as músicas:

"Vocês chegaram a fazer muitos shows com essa formação? Como era a química entre vocês ao vivo, rolava muito improviso?

Fizemos shows do Rio Grande do Sul até a Bahia. Os mais memoráveis foram as temporadas do Teatro Bandeirantes em SP e do Tereza Raquel no Rio. A química era ótima. O repertório estava em constante desenvolvimento. É só ouvir o disco de Londrina (pirata) para encontrar ali versões ótimas e desenvolvidas de músicas como “Cavaleiros Negros” e “Eu só penso em te ajudar”.

Há uma boa quantidade de músicas dos Mutantes dessa época que nunca foram oficialmente lançadas, mas que vocês tocavam em shows (algumas delas chegaram a aparecer em discos piratas). Entre elas: "Santo Graal", "Sempre Foi Assim", "Quero Escutar o Som" (essas 3 estão naquele pirata de Londrina), e mais "Preciso de Amor", "Você Aqui", mais uma outra sem título conhecido ("Todas as Manhãs"??). O que você poderia nos falar sobre cada uma delas?

Eram músicas que certamente entrariam num futuro disco, que acabou abortado. "Santo Graal" era do Túlio. Eu entrei com umas frases de baixo e umas modulações, e virei parceiro. "Sempre foi assim" é típica do Túlio. Uma música suave que ganhou um arranjo mais pesado e roqueiro. "Eu quero escutar o som" é bem legal. É do Sergio e tem uma intervenção de baixo com wah-wah e distorção. "Preciso de amor" é minha e do Sergio, ao estilo de "Tudo bem". Era uma música nova que estava em desenvolvimento. Eu a batizaria de "Tudo no ar". "Você aqui" (Sergio) e "Todas as manhãs" (Túlio) eram músicas suaves e melodiosas.

Existem registros pessoais, por exemplo, da temporada de shows no Teatro Tereza Rachel, no Rio. Qual a sua impressão do caminho que a banda vinha seguindo?
As gravações, como um todo, mostram que a banda mudava aos poucos de rumo, e que estava indo mais na direção de um rock com mais pegada de um Deep Purple (por exemplo), do que de um Yes. “Cavaleiros Negros” já apontava nessa direção e na gravação tem "Preciso de amor”, “Eu quero escutar o som”, e “Sempre foi assim", que confirmam a tendência.

Aqui, uma entrevista feita para a revista POP, na época dessa gravação, em outubro de 1975:


Link para download:

http://www.mediafire.com/?5memwtemjjy

Senha:
rockprogressivobr
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Revista POP - Nº 12, outubro 1973, 84 pág., p/ baixar!

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MAIS UMA POP PARA BAIXAR!

Revista POP - Nº 12, outubro 1973, 84 páginas, 122.36 MB, em arquivo pdf.


Matérias com:

- Rita Lee
- Toquinho
- David Bowie
- Osmonds
- Gilbert O'sullivan
- Jean Paul Belmondo
- Telescópios



Baixe-a aqui:

http://www.easy-share.com/1907164527/Revista POP - Nº 12, out. 1973.pdf

Em breve, outra POP!
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terça-feira, 28 de julho de 2009

Jornais HIT POP para baixar

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Dando continuidade ao meu nada mole trabalho de digitalização desse importante documento cultural que foi a revista setentista Geração POP, também estou escaneando os exemplares do jornal HIT POP que possuo, jornais estes que eram suplementos avulsos que fizeram parte da revista por um período, e depois foram incorporados à ela até desaparecerem na fase final desta revista, que durou durou 82 edições, de novembro de 1972 a agosto de 1979.
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Nele, podíamos checar as resenhas dos mais importantes discos lançados, letras de músicas, hit parade das rádios do Rio de Janeiro e São Paulo, bem como entrevistas, agenda de shows e novidades sobre os artistas em geral.
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HIT POP, fevereiro 1974, 8 páginas.
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Destaque para a explosão do fenômeno Secos & Molhados.
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Link para baixar
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Jornal HIT POP, outubro 1974, 8 páginas.
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Destaque para matérias com Jackson Five!
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Link para baixar
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Jornal HIT POP, out. 1973, 8 páginas.
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Link para baixar
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Jornal HIT POP, jan.1974, 8 páginas.
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Link para baixar
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Jornal HIT POP, set. 1974, 8 páginas.
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Link para baixar
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Aguardem, mais jornais em breve e o exemplar Nº 12 da revista POP de outubro de 1973!
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Vá dois tópicos abaixo e acesse para ler e baixar:


UMA GRANDE REVISTA SETENTISTA, A “GERAÇÃO POP”
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quinta-feira, 23 de julho de 2009

MINHAS NOVAS FRASES DE HUMOR

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FRASES QUE NÃO SE OUVE POR AÍ

A felicidade do Tristão foi a tristeza do Felício.

Só falta o Edu tirar o calção, que falta de educação!

Foi dormir com a Celeste e acordou nos braços da Aurora.

“Enterra esse cego que nem um repolho!”, berrei.

Pó Pará, mano, é farinha de Belém!

Com comichão de comer terra, comi terra do chão.

Algo doce dão: algodão doce!

A sorte do Baltazar foi o azar do Consorte.

Fiz jus ao Celino: cobri cheque.

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"NA FORQUILHA ONDE A CORUJA FAZ O NINHO"

A coruja buraqueira está para o goleiro, assim como o quero-quero está para os jogadores de linha.

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ATINAÇÕES EM TEMPOS DE EFEMÉRIDES ESPACIAIS E CIENTÍFICAS

O darwinismo é um pequeno passo para o macaco, mas um grande salto para a humanidade.

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AOS MODOS DO CHICO ANÍSIO

O vento faz bem para a saúde: apaga o fósforo do cigarro que se quer acender.

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POR ONDE TEM SAUDADE...

Viúva curitibana vai fazer um diamante com as cinzas do marido. Ufa, pensei que faria um vibrador!...

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PÃO E CIRCO

Os pizzaiolos estão para os palhaços, assim como os “pizzaiolos” estão para os “palhaços”.

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FÁBULA

Quem nasceu para tartaruga nunca chega a ser águia, mas, às vezes, a águia leva a tartaruga para dar um passeio, e a joga lá cima...

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ATINAÇÕES

Perfume não sai na foto, mas que influencia na pose, ah, isso influencia.

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NEOLOGISMO

Mar de almirante: mar muito calmo (em oposição à “céu de brigadeiro”).

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NÃO CONFUNDA

Não confunda os 66 anos da Marta Rocha com os anos de marcha na Rota 66.

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CRÍTICA

Tem ouvidos de cobra naja para música.

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COMO DIRIA O SAFADO DO MOZART

Sou filho da pauta que me pariu.

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OSTEOPOROSE

A carne é fraca; e o osso também.

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HAI CAI

Tá prá nascer

o cachorro que vai reclamar

de um “osso duro de roer”.

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CUIDADO!

Não faça de seu corpo uma arma, o kamikase pode ser você.

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NÃO CONFUNDA

Não confunda o cabra na cena de morte com a morte macabra do Senna.

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PRAGAS ABRANDADAS

Vá para o relâmpago que te ilumine!

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COISA DE LOUCO

A desgraça (e o bife) vem a cavalo, a mula sem cabeça e o frango à passarinho.

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NAS ENTRELINHAS

A estratagema do ovo não é bem clara.

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MEU EPITÁFIO

Vermes, cheguei!

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ATINAÇÕES

A maçã da Branca de Neve, uma malsã do amor.

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NÓIA

Tinha tanto pavor de exame da próstata, que quando lhe falaram em inclusão digital ele saiu correndo.

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ALIÁS...
Nos tempos em que se cantava: "Não temais ímpias falanges...", ninguém falava em exame de próstata...

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EFEITO GOODYEAR

É mais que um nego, é um nego com ócio, é um negócio.

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PATIFES...

Eu tenho duas amigas:

A Patty e a Betty Faria

E eu sei que uma das duas,

Um dia, me aprontaria.

E se a Betty não o fizesse,

Eu sei, a Patty faria.

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CONJUGAÇÃO

Eu aspiro

Tu respira

Ele transpira

Nós conspiramos

Vós suspirais

Eles expiram

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VALE DA MORTE

Árvore em Cubatão é que nem pirulito: acaba no palito.

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SUTIS DIFERENÇAS

No Judaísmo, ‘a cabra tem barba, mas a barba não faz dela um rabino’. No Cangaço, o cabra tem barba, mas a barba não faz dele um cabrito.

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ANTEDILUVIANA

O que os fabricantes de armas atômicas não perceberam ainda é que os inseticidas são mais eficientes que as bombas atômicas. Oras, bombas atômicas não matam baratas!

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segunda-feira, 13 de julho de 2009

UMA GRANDE REVISTA SETENTISTA, A “GERAÇÃO POP”

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Ler essa revista não é voltar ao passado,
mas sim reconhecer que o passado não é 
obrigatoriamente substituído pelo presente
apenas pelo frescor do seu tempo, mas sim
pelo frescor de sua criatividade.”
(Ludmilla Rossi, 2009)



É um consenso nos meios midiáticos de que a década de 1970 tornou-se um marco cultural do século XX, principalmente para os jovens – foi quando no Brasil surgiram as primeiras publicações destinadas aos rockeiros. Nesta época pré-internet, em se falando da mídia escrita, essas revistas específicas eram os únicos meios de os jovens de então obterem maiores informações sobre bandas e discos lançados. Na esteira dessa avalanche conhecida como “cultura pop”, em princípios dos anos 70, a Editora Abril lançou a revista Geração Pop, publicação que durou 82 edições – de novembro de 1972 (foto) a agosto de 1979 –, e influenciou uma geração não só de jovens, mas de artistas, jornalistas, editores, estilistas e outros setores envolvidos com a arte e cultura. Esta revista foi um marco editorial do período, pois não houve no Brasil uma publicação que retratasse tão bem e de maneira diversificada as tendências de uma década riquíssima culturalmente falando, década esta ainda hoje tão cultuada e imitada. 

Propaganda da Pop num exemplar de revista Veja de 6 de junho de 1973:


O internauta Márcio Baraldi, do blog Arca do Barata, escreveu sobre estes tempos “deficientes”:

“O difícil era que a gente tinha que esperar ao menos um mês a chegada da edição da revista na banca de jornais perto de casa para ficar sabendo dos lançamentos das nossas bandas prediletas... Lá fora, pois aqui também lançamentos de discos demoravam um ou mais anos para chegarem.”

Também conhecida apenas como Pop, já que o logotipo punha esta palavra em destaque, era basicamente um veículo de música pop. Hoje é considerada uma publicação antecessora da BIZZ no jornalismo musical da Editora Abril, revista semelhante extinta recentemente, em agosto de 2007. Comparadas, a tendência da Pop era mais comportamental, e não se prendia somente ao rock, mas a outros estilos populares da música jovem, como a soul music e a discoteque, o pop romântico, e também a MPB. Muitos outros assuntos de interesse dos jovens eram encontrados nesta revista, abordando temas como sexo, misticismo, moda, fotografia, cinema, aparelhos de som, sugestões de LPs, livros, hit parade, carros e motos, esporte radicais como o surf e o skate, e muito antes de qualquer publicação especializada, talvez a Pop tenha sido a primeira a abordar estes dois últimos esportes. Diversos nomes importantes do jornalismo passaram por ela, como Caco Barcelos, Ezequiel Neves, Júlio Barroso, Okky de Souza, Leon Cakoff, Pink Wainer (filha da Danuza Leão), o fotógrafo Mauricio Valadares, José Emilio Rondeau, Ana Maria Bahiana, Peninha Shimidt, o DJ Big Boy, o escritor e produtor Nelson Mota, etc.
Surpreendente notar na revista que, em matéria de visual de moda jovem e comportamento, há fotos, p. ex. de jovens em praias, surfistas e garotas “cocotas” de biquíni que parecem ter sido feitas hoje, embora haja coisas datadas. Veja estas fotos do ano 1976/77, portanto, há mais de 30 anos atrás e confira: ou os anos 70 estavam à frente de seu tempo ou o século 21 não evoluiu muito nesse quesito... Dúvida do que afirmo? Pois então, folheie uma revista da década de sessenta com cenas praianas, e você vai ter de rever suas opiniões...
Para provar que a revista ainda causa impacto, leia esse depoimento da blogueira Ludmilla Rossi:

“Voltando a revista Geração POP, minha mãe me trouxe essas revistas, sobre as quais eu jamais tinha ouvido falar. Sou de 82, a revista nasceu uma década antes de mim, em 1970 pela Editora Abril. Me emocionei ao abrir os exemplares e meus olhos encontrarem a estética que eu facilmente adotaria hoje para viver. Me senti mais confortável e ambientada com o mundo que eu encontrei na Geração POP do que o que eu encontro na NOVA.
(...) Depois de 36 anos, que mantiveram sacos plásticos e a rotina afastando as revistas dos meus olhos, a Geração POP não conseguiu acompanhar as tendências musicais atuais. Mas ela nunca precisou mesmo fazer isso. Ela encontrou seu nicho, chegou ao seu target com um atraso de quase quatro décadas. A maior parte dos artistas presentes em suas páginas não deveriam ser substituídos por tendências atuais. Ler essa revista hoje não é voltar ao passado, mas sim reconhecer que o passado não é obrigatoriamente substituído pelo presente apenas pelo frescor do seu tempo, mas sim pelo frescor de sua criatividade. Tomorrow may be even brighter than today.
(Eu disse, maybe).”


Sobre o desaparecimento da revista, curiosamente, o site Observatório afirmou que

“A decadência da revista se deu porque ela não conseguiu acompanhar as tendências musicais atuais. Sobre o punk rock, arriscou-se a fazer matéria fictícia, com dois meninos de rua, aparentando pivetes, que seriam integrantes de um inexistente grupo de punk rock. Foi sua sentença de morte.”



A princípio, achei que essa informação podia não ser verídica, já que a citada matéria não foi publicada no último exemplar lançado o de Nº 82, de agosto de 1979, mas o blog Lágrima Psicodélica trouxe o seguinte:

“Entre as curiosidades que volta e meia saíam na Pop, (...) uma reportagem com a primeira banda punk de São Paulo, Os Filhos da Crise. Filhos da Crise?
Segundo Antonio Bivar, o grupo nunca existiu: alguém da revista deve ter pego uma foto num arquivo qualquer e lançado o factóide. Haviam alguns punks no Brasil sim, mas eles ficariam na encolha até pelo menos 1982. E como não havia internet, as gangs de punks espalhadas pelo país não sabiam que não eram as únicas.”



Uma tese de pós graduação, de autoria de Cassiano Scherner, da PUCRS, intitulada “A questão da crítica musical nas revistas musicais brasileiras especializadas em rock” (2008), traz a seguinte justificativa para o desaparecimento da revista:

“Até o presente momento, das duas revistas analisadas (Rolling Stone e GeraçãoPOP), percebemos que as matérias sobre o rock brasileiro eram bastante inferiores em relação ao rock estrangeiro. Isto confirma uma tendência da época, que denominamos de “Pós Tropicalismo”, onde ainda era muito incipiente falar em rock brasileiro no sentido de buscar um caráter voltado para a indústria cultural, como era no estrangeiro. Pelo contrário, apesar de buscar focar no mercado jovem, este mercado não existia, fosse ligado pelo rock ou por outras formas de consumo. Eis, portanto, a razão que ambas as publicações não terem tido longa longevidade no mercado editorial voltado para a música jovem no Brasil dos anos 70. ‘Juventude nos anos 70 não dava ibope’, afirmou um jornalista (Okky de Souza)) que integrou a revista Geração Pop’. Ressaltamos que pelo fato da pesquisa ainda estar em andamento, outros resultados ainda irão surgir e que deverão ser incluídas em futuras avaliações.”

Enfim, esta é uma revista que deixou muitas saudades, e eu fui um desses garotos que não via a hora de, todo início de mês, ir buscar ansiosamente o meu exemplar nas bancas. Depois, era só ir à loja de discos e comprar os discos anunciados. Devo muito à Pop, pois muito do literato que hoje sou devo às suas leituras. Lembro-me que à ela fui apresentado por um primo meu, o Donizete Rocha – que andava com meus irmão mais velhos. Na casa dele vi pela primeira vez um quarto com as paredes recheadas de posters de bandas de rock, carros, motos, gatinhas, e eu pirei! O Doni a comprava mensalmente, e, em sua casa, folheando suas revistas passei a comprá-las também. Fiz besteiras imperdoáveis: além dos números que eu mesmo comprei, ganhei muitos exemplares antigos de outros amigos, e, quem sabe se hoje eu não tinha a coleção completa, mas ocorreram alguns problemas com “amigos” e perdi diversos números, infelizmente.

e, quem sabe, eu tinha a coleçnehi duas coleçbncasocha, que a comprava mensalmente e tinha seu quarto recheado de posters.
Vou postar aqui um presente para os leitores, um exemplar desta revista (nº 2, out. 1972, 106 páginas), que, trabalhosamente, eu escaneei e transformei em arquivo pdf para facilitar a leitura. Asseguro que folheá-la (e lê-la...) é uma agradabilíssima e nostálgica viagem no tempo. A propósito, os números remanescentes que possuo são estes: 2, 3, 7, 12, 13, 16, 17, 20, 28, 31, 33, 39, 41, 48, 53,58, 60, 62, 67, 68, 69, 74, 75, 77, 80 e 82. Esse 26 exemplares valem ouro e guardo-os como um tesouro! Além disso, tenho inúmeros exemplares do jornal Hit Pop que vieram encartados numa certa fase da revista, e que pretendo escanear também.
Aos poucos, sem compromisso, irei postar outros exemplares da Pop conforme for escaneando-os. Valer dizer que, apesar de trabalhoso, foi gratificante no final ver a revista pronta em pdf. Aliás, para uma preciosidade como essa, digitalizá-la é o mínimo que se pode fazer para sua preservação, além da importância de se divulgá-la às novas e as posteriores gerações que não tiveram a felicidade de viver essa época deslumbrante.

Link para baixar o exemplar nº 2, out. 1972, 106 páginas da revista POP:


Seria de grande valia se os leitores que possuem os números que não tenho, também fizessem o mesmo e disponibilizassem suas revistas escaneadas na internet. O programa usado no trabalho foi o PhotoPaint, com 220 dpi de resolução e recurso de "equalização automática" das imagens, além de passar o filtro "remoção de pontilhados" se necessário. Os interessados na empreitada, por favor me contatem.

Leia mais sobre a POP no Orkut:



Na Internet:

http://velhidade.blogspot.com/

Algumas imagens que marcaram:

















Rita Lee e O Terço

















Rick Wakeman e Pink Floyd















Nektar e Led Zeppelin

















Led Zeppelin

















Made in Brazil


* Clique nas imagens para melhor visualizá-las.
9 fontes - consultar autor
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