sábado, 27 de fevereiro de 2010

NOVAS FRASES DO HUMOR DO V-NEWTON

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DESDITADOS

Alegria de tamanduá é morrer com a boca cheia de formiga.

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CASTIGO

Você pode até tomar a terra dos índios, mas as várzeas dos rios não se toma impunemente, mesmo porque as enchentes não deixam...

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CADA QUAL, CADA QUAL...

Atualmente, o taco de basebol norte-americano foi transformado em arma. Alguém dirá da vantagem do nosso futebol, onde a bola jamais foi utilizada como arma. Ledo engano: as armas, na verdade, estão com a torcida, que portam rojões, pedras, canos e barras de ferros, sarrafos, cadeiras, etc.

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ATINAÇÕES

Você reparou que o disquete já virou uma mídia analógica?

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AOS MODOS DE DAVE BERG

– Finalmente, nossa banda conseguiu sair da garagem!
– Que legal! E vão tocar aonde?
– No estacionamento do shopping...

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COMO DIRIA A RITA CADILLAC

– ...o problema do altar é número de degraus.
– Por quê?
– Devia ter uns 5 mil, pelo menos...

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DICAS

Não vai fazer nada? Não vai a lugar algum? Então, vá por aquela famosa ponte, aquela: a “que leva do nada a lugar algum”...

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ATINAÇÕES

Só existe uma pessoa mais idiota que o sujeito que inventou os agrotóxicos: aliás, um universo de idiotas: os agricultores que os utilizam.

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ATINAÇÕES

O pão está para a formiga, assim como a cigarra está para o circo.

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AOS MODOS DO RECRUTA MILICIANO DE BENGALA

É menos pior estar sentado numa cadeira elétrica que deitado numa cama de torturas, mas é menos pior estar em pé numa forca que ajoelhado numa guilhotina, mas é menos pior ainda estar em pé convalescendo que inutilizado numa cama, mas a morte, porém, é inigualável.

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REGRAS DO MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

Militar servindo em Parada Gay: pode. Gay servindo em Parada Militar: não pode.

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS

Em Sarara, a paisagem canavieira ganhou estatuto de municipalidade. Esse negócio de “Cidade das Árvores” – que deveria se ponto de expressão privilegiada de todas as representações municipais –, não passa de balela e conversa mole para boi dormir.

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ATINAÇÕES

Faroeste à italiana é tão original quanto cangaço à chinesa.

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CURIOSIDADES POR OBRA DO BIÓLOGO V-NEWTON

Os pinguim está para o Pólo Sul assim como o urso branco está para o Pólo Norte. Lembrando-se da cerveja Antártica e seu pingüim, uma cerveja que se chamasse Ártica poderia estampar um urso branco em seu rótulo. Aliás, o único ser humano que viu pingüins no Pólo Norte foi o mentiroso Civilico, homem que, por sinal, nunca esteve lá... Mas... sabia que os pinguins já conseguiram alcançar a Bahia?!

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS

Os políticos sararenses interpretando a famoso lema ecológico, o do “Pensar globalmente e agir localmente”: Esse mundo é meu e na minha casa quem manda sou eu.

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CONVERSA PARA BOI DORMIR

A maioria das pessoas que vão a um restaurante self service, não se servem de verduras e legumes, pois dizem “Isso eu como em casa!”, só que, em casa, eles raramente comem isso...

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HIPOCRISIA

Pessoa que fuma e reclama da poluição, é a mesma coisa que a pessoa que cheira cocaína e reclama da violência nas favelas.

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ATINAÇÕES

Ir num restaurante em Cachoeira das Emas e comer peixe vindo de Mato Grosso, é o mesmo que ir à Minas e comprar terra à preço de alqueire paulista.

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PARRICÍDIO

Os trens foram destruídos pelas próprias cidades que eles ajudaram a construir.

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CONVERSINHAS INFAMES

– A morte desse padre prejudicou uma família inteira!
– Como assim?
– Ele tinha uma amigada e dez filhos com ela...

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BRASIL

68, o ano que não terminou. E tá assim de casalzinho sonhando louco cum 69...

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YO NO CREO IN BRUJAS

Eu jamais consulto horóscopos. Pessoas do signo de Aquário, como eu, não acreditam nestas besteiras...

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METAFÍSICA

Só Deus pode tomar (divinas) providências e tapar os Buracos negros.

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DITADO CAIPIRA

Sejas como a cana que adoça as moendas que a dilaceram.

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FUTEBOL FEMININO

O homem mata a bola no peito. A mulher, nos peitos.

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LÓGICA DE CAIPIRA

Antes os mata-burros, pinguelas e porteiras de outrora, que os pedágios, barreiras e portas-giratórias de hoje, que nem sempre nos deixam passar.

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POEMETO CAIPIRA

Das cidades, não quero as cidadanias,
Nem das vilas as vilanias,
Só quero do sertão as sertanias.

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CONVERSINHAS INFAMES

– Você gosta de dormir com chuva?
– Não.
– Por quê?
– Eu fico ouvindo-a e não durmo...

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UNIVERSIDADES

Temos Ciência o bastante para nos indispormos um com os outros, mas não Religião o suficiente para nos bem-queremos .

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

AS REINAÇÕES FUTEBOLÍSTICAS DO PAULINHO SUJEIRA

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Apesar de, atualmente, “saber de carteirinha” quem era este rapaz, não vou dar aqui dando o seu nome verdadeiro – não se faz necessário – mas vou recordar uma das reinações que ele aprontou, reinação esta que justificava o curioso apelido, muito apropriado por sinal: Paulinho Sujeira (foto). E tanto justificava que somente esta historiazinha que agora narrarei bastará para evidenciar o tipo de pessoa que ele encarnava, bem como uma das intenções incomuns que iam-lhe pela cabeça. Recordando o episódio novamente, sou capaz ainda hoje de imaginar a cara maquiavélica do Paulinho Sujeira, esfregando seus dedos enclavinhados, os ombros erguidos, e gargalhando como um perdido, todo orgulhoso de suas “façanhas”...


Foi no ano da graça de 1972. Desgraças também, como se verá... Local: estádio Joel Fachini, mais precisamente nas escadarias de sua belíssima arquibancada – aquela maravilha de rara arquitetura, que algum insensato mandou demolir ao invés de restaurar – a “picareta do progresso” do ararense não falha nunca!...


Nestes bons tempos, formávamos um grupo de crianças, todos com cerca de uma década de existência, e todos, sem distinção, completamente loucos por futebol. Éramos meninos puros e ingênuos, crianças que, até então, acreditavam piamente no chamado “leite da bondade humana”, e essa foi a nossa desgraça neste malfadado dia.


Todos os sábados de manhã, nos reuníamos no “Comercial” para treinar no então time infantil, o “Dente de Leite”. Nesta ocasião a que me refiro, um sábado, o desmiolado do técnico cometeu a imperdoável imprudência de esquecer a chave do vestiário alternativo que fazia fundos com as quadras da escola Cesário Coimbra (antes não esquecesse...). E para piorar, o uso do vestiário subterrâneo nos era vetado.


Mas, caramba, onde então iríamos nos trocar?! O técnico, após tentar abrir bestamente a porta do vestiário usando um canivete fornecido pelo juiz, sugeriu, pior, ordenou que usássemos as escadarias da arquibancada e, todos, puros e ingênuos, assim o fizemos...


Uma vez uniformizados, todos, sem exceção, orgulhosos de nossas camisas e chuteiras, descemos a escadaria e entramos finalmente no palco da peleja. Eu, todo feliz, estava estreando uma ultra-anatômica e macia chuteira Stadium de cravo-de-rosca que ganhei de meu pai. E estava orgulhoso, pois ia jogar como ponta direita e usando a camisa 9, camisa que eu fazia questão de usar pois era o mesmo número usado pelo meu ídolo do futebol na época, o não menos danado “Cezar Maluco” do Palmeiras (foto) – o timaço do grande “Divino” Ademir da Guia, a saudosa equipe do periquito verde – “porco” uma ova!


Uma lacuna aqui: a verdadeira peleja, como se verá, foi acontecer realmente – e em sua mais fiel tradução – lá nos recessos silenciosos da arquibancada, onde não havia um torcedor ou olheiro sequer, ou, pelo menos, se acreditava que não... Por esta altura, seria oportuno perguntar pelo tal do Paulinho Sujeira, e onde é que ele entra na história, mas já vou adiantando que dentre os pequenos desportistas, nenhum viu sequer a sombra dele por lá (antes o tivessem visto...)


A partida correu à mil maravilhas, acabando em empate, fato que se não alegrou ninguém, também não magoou. A mágoa mesmo os meninos só travariam contato com ela no retorno ao improvisado vestiário...


E o juiz soou o derradeiro apito. O sol já ia alto e muito quente e o melhor mesmo era deixar as intenções de um joguinho de “rêba” para outro dia e retornar à arquibancada, pegar a roupa e partir para uma ducha refrescante no vestiário, mas... caramba, o técnico havia esquecido a chave!


Pobres garotos, mal sabiam eles que este detalhe viria a ser um mal menor...


O que eu sei dizer é que quando os 22 futuros aspirantes ao juvenil, mais o infeliz do técnico, o juiz e um olheiro subiram a escadaria, não acreditaram com o que se depararam lá nos recessos da então silenciosa arquibancada - cena estarrecedora, a que se viu ali: dizer que aquele monte de roupas reunidas na arquibancada mais parecia uma banca de feirão em fim de expediente, seria fazer uma comparação mais que imperfeita.


O caseiro – o homem que cuidava do estádio –, que por aquelas horas havia se aproximado após ouvir o rebuliço que se instalou entre a molecada, disse que viu por entre a balaustrada da arquibancada um sujeito em atitude suspeita. Disse ainda saber de quem se tratava e bem conhecia sua fama, mas não lhe passou pela cabeça que ele estivesse sozinho ali (antes lhe passasse...)


Quando ele pronunciou o nome do tal sujeito, houve uma comoção entre os adultos, que se entreolharam com cara de desconsolo: era nada mais, nada menos que o terrível Paulinho Sujeira!...

A arquibanca do Comercial Futebol Clube em 1948


Não houve dúvida de que era ele mesmo o responsável por aquilo. E, vale dizer, o homem estava inspirado este dia... O danado teve a manha de reunir todas as roupas e outros objetos diversos, e, peça à peça, fazer uma maçaroca gigantesca com tudo! Nem mesmo os calçados, cintos e bonés escaparam de suas “urdiduras”. Deu nós-cegos nas pernas de calças, tomou fivelas de sapatos e tramou-as com alças de chinelos. Passou cadarços de tênis e botas por ilhoses de bonés e furos de cintos, e depois amarrou uma dezena de vezes – fez o diabo! Fez mais: aproveitou os pequenos rasgos de algumas calças e camisas, ou o furo de alguns tênis, tomou o laço da gola de uma camiseta, mais correntinhas, colares e penduricalhos, e improvisou cerzimentos sem conta. Fez mais ainda: pegou algumas daquelas velhas mochilas de napa e, de suas alças de cordonê, completou a urdidura reamarrando tudo o que já estava amarrado! O que eu sei dizer, caro leitores, é que não se vê com tanta freqüência emaranhados assim nem mesmo naquelas tranqueiras de galhos e cipós que se reúnem nas árvores baixas de curva de rio após as grandes enchentes do rio Mogi...


E quem disse que menino de 10 anos não chora por besteira? O berreiro que se abriu ali pelas escadarias causava pena, e a coisa só não pareceu um verdadeiro velório, por que dentre as lamúrias e choramingas soluçantes da meninada, se distinguia claramente uma enxurrada de palavrões da pior espécie, todo invariavelmente proferidos em memória do danado do Paulinho Sujeira. Suas orelhas devem ter queimado a valer neste dia.


Desenredar as infinitas tramas que ele urdiu é que foi elas – um imbróglio que cristão algum neste planeta seria capaz de desvencilhar. O canivete que o juiz trazia consigo teve
enfim alguma serventia, e acabou entrando em cena (ao menos isto...) Quanto ao esquecido, digo, o felizardo do técnico, o espertão, para variar, viera ao treino de carro já trajando sua roupa esporte... E se você prestasse bem atenção na fisionomia do “fiadamãe”, iria sugerir aos meninos que lhe destinassem um pouco de palavrões que praguejavam, por que, por dentro, o disgramado parecia rir a valer. Que ele merecia isso, ah, isso ele merecia! Quando vi muitas das peças de roupa e calçados destruídos em sem remédio, tive mesmo vontade de dizer: Molecada, manda a conta lá para a casa do fiadamãe desse técnico!


A propósito, um escritor ararense, o mestre Emílio Wolff, escreveu que, por volta dos anos 40, era comum entre as crianças que nadavam nos poços que existiam nas margens do Ribeirão das Furnas, “um deles sair das águas e, às escondidas, dar nós-cegos em todas as peças de roupa – o tradicional biscoito.” Este texto veio explicar que, em questões de tradições, o danado do Paulinho estava em dia e levava a bandeira adiante... Na foto, uma tarde de domingo no estádio Joel Fachini na década de 1950.


Caros leitores, este que vos escreve, falando assim parece que não foi vítima do Paulinho, não é? Eu não fui mesmo, e vocês vão ver o por quê.


Pois bem: justamente neste dia mais em que o Paulinho tramou uma das suas, por insistência de minha sábia avó materna, saí da casa dela trajado com o próprio uniforme de jogo e não levei uma muda de roupa...


Enfim, o que restou destes episódios futebolísticos foram as lembranças daquela saudosa década: o Paulinho Sujeira reinando nas arquibancadas e o César Maluco no palco dos gramados. E eu, por minha vez, após voltar a morar na cidade, me desiludi ao tentar integrar o time da A. A. A., e pendurei as chuteiras de vez me jogando de cabeça no mundo da música, porém,
infelizmente, não rezei pela sábia cartilha dos Novos Baianos, músicos que pregavam a união da música e do futebol.


Ah, antes que eu me esqueça: A benção, vó Ana!

.Negrito

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

HUMOR À FRANCESA, BÊTE ET MÈCHANT

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Criação: V-Newton

O sr. Veneranda chega ao portão da casa do Sr. V-Newton e toca a campainha. O sr. V-Newton atende:
– Bom dia, o sr. V– Newton está?
– Não sei, pergunte para mim.
– Espera aí, veja se eu entendi bem: o sr. V-Newton já chegou?
– A propósito, o sr. está falando comigo, sr. Veneranda?
– Oras, eu ignorava que o sr. sabia meu nome. De onde me conhece?
– Nunca vi mais gordo...
– Insisto, sr. V-Newton, o sr. está se referindo a mim?
– Não sei, pergunte para mim e responde, sr. Veneranda.
– Espere, vou tocar a campainha novamente.
– Um momento – parece que eu ouvi a voz dele atendendo o portão.
– Quem, o sr. V-Newton?
– Pode ser ele mesmo, mas, espera aí, sr. Veneranda: o que o sr. veio fazer aqui?
– Oras, eu combinei com o sr. de vir ligar esta campainha que não funciona?!
– Oras. Sr. Veneranda, eu estou entendendo tudo perfeitamente, mas vamos começar tudo de novo.

O sr. V-Newton vai para a rua, e o sr. Veneranda entra pra dentro da casa e novamente toca a campainha:
– Bom dia, sr. Veneranda, o sr. V-Newton está?
– O sr. está se dirigindo a mim, sr. Veneranda?
– Não sei, ligue lá para confirmar.
– Ligar onde?
– Oras, sr. Veneranda, ligue a campainha!
– Oh, me desculpe a vergonha que eu passei, mas... eu acabei de tocá-la e o sr. atendeu!
– Quem, eu?!
– Desnecessário dizer...
– Mas como eu poderia tocar a campainha, se é você que está do lado de fora?!
– Oras, o sr. ainda nem foi ver se o sr. V-Newton está em casa!
– Oh, sim, eu estou querendo ligar para ele, mas o sr. não deixa!
– Ligar o telefone?
– Não, a campainha!
– Olha, eu...
– Mas, afinal, o que o sr. faz, sr. Veneranda?!
– Eu trabalho na Telefônica.
– Mas eu não tenho telefone!
– Oras, mas eu vim arrumar a campainha – estou atendendo uma visita no portão. Mais tarde eu te contato.
– Com o telefone?
– Não, com a campainha!
– Oras, como o sr. pode me chamar se a campainha não funciona?!
– Tá bom, tá bom, então me telefone mais tarde!
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

NOVAS FRASES DE HUMOR DO V-NEWTON

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CONVERSINHAS QUE NÃO SE OUVE POR AÍ - I

– Foi você quem pediu a mão da minha filha em casamento, e me transformou em tua sogra! Eu não pedi isso; portanto, não reclame!

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FRASES PARA O DIA-A-DIA - I

Tem tanta pretensão quanto o planeta Mercúrio querendo fazer um eclipse com o Sol.

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DURA

– Até bicho-preguiça sabe nadar, e bem! E você não passa de uma bosta que afunda!

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PARA-CHOQUE DE CAMINHÃO

Está com pressa? Vai tirar o pai da Forca? Acordasse mais cedo!

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CONVERSINHAS QUE NÃO SE OUVE POR AÍ - II

– Jogo bola sim em campo cheio de buracos, desde que seja campo de golfe...

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A CARNE É FRACA...

Padre não pode ter mulher e filho – é proibido e fez voto de castidade. Mas às vezes ele não resiste e arruma uma paroquiana ou coroinha qualquer para prover fornicação.

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FAISÃO

É curioso notar que, no mundo animal, o macho seja mais vistoso e belo que a fêmea. Talvez seja por isso – em se falando de seres humanos – que as mulheres tenham que se enfeitar mais que os homens no jogo das conquistas.

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FRASES PARA O DIA-A-DIA - II

Mais assanhado que borrachudo em perna branca de gente gorda.

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CONVERSINHAS QUE NÃO SE OUVE POR AÍ - III

– Está vendo aquele cavaleiro?
– Sim.
– Ele foi gravar sua marca à ferro quente e levou um coice.
– Do cavalo?
– Não.
– Coice de quem, então?
– Da espingarda...

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GUERRA SANTA

Muitos santos, em carne e osso, morreram na fogueira pela mão de inquisidores. No entanto, mais santos ainda, os de madeira, arderam em chamas pela mão de iconoclastas.

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RELATIVIDADE

Fazer carne de soja é fácil; eu quero ver mesmo é fazer soja de carne.

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E PÕE REPARO NISSO...

Corintiano fanático é que merda de lagartixa: sempre de preto e branco.

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DITADOS READAPTADOS

Em casa de guitarrista enforcado não se fala em corda.

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CONSELHOS

Nunca elogie em demasia um recém-conhecido, até ter toda a certeza de que, um dia, ele não venha se tornar seu inimigo.

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS - I

O centro histórico de São Luiz do Paraitinga foi destruído pela força da natureza. O de Sarara, pela força da vil riqueza.

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ATINAÇÕES

Mulheres brasileiras são o tipo de pessoa que vivem sonhando com um bronzeado duradouro, mas o máximo que conseguem é um punhado de eternas sardas na pele prejudiada.

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BROTERADAS DE MINHA LAVRA

Terminário rodovial
Certimento de nascidão

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RECAUCHUTANDO FRASES

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que colocas no cativeiro.

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DO MENTIROSO CIVILICO

– Ocê sabia que a linguiça é um porco no avesso?
– Como assim, Civilico, porco no avesso?
– Pois é: ocê tira a tripa de dentro do porco e dispoi enfia o porco dentro da tripa...
– !!!

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O CARRO OU A VIDA

Quem morre por não quere entregar o carro ao bandido, é porque o carro vale mais do que ele próprio.

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FRASES PARA O DIA-A-DIA - III

Os maiores gaviões são os que tem o canto mais fino.

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VIVÊNCIA

Quem tem decência, educação e hospitalidade, oferece. Quem não tem, tem que ser cobrado. Mas não é a mesma coisa.

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CONVERSINHAS INFAMES

– Sabe com quem está falando?!!!
– Não.
– Nunca é tarde! Prazer, eu sou o Zé Ninguém!
– Oh, então é você o tal de Zé Ninguém?!
– Exatamente...

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FRASES QUE NÃO SE OUVE POR AÍ - IV

Eu comi o rabo da sereia.

Promessas não são garrafas de champanhe, mas podem ser quebradas, em ocasiões oportunas.

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A 100 QUILÔMETROS POR HORA...

Respeito a natureza: numa estrada ao volante, dirijo menos rápido que um guepardo.

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SUTIS DIFERENÇAS

Assim como o ciclismo, querem que o bilhar seja um esporte. A diferença é que no ciclismo você leva uma garrafinha d’água, enquanto que no bilhar você se hidrata com cervejas e mais cervejas.

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SENSATEZ

O maior bem que posso deixar para os meus filhos é proteger a parte da natureza que hoje me cabe, e não deixar-lhes o dinheiro sujo que eu possa obter com a espoliação dessa mesma natureza.

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NOS BRAÇOS DE MORFEU

Meu sonho de consumo é consumir todos os meus sonhos.

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FRASES PARA O DIA-A-DIA - IV

Se refestelando feito irerê em dia de chuva criadeira.

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CHÁ DE COGUMELO

A principal característica do bife à rolê, é dar um rolê. É quando ele passa a se chamar bife à cavalo.

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ATINAÇÕES

Numa coisa todos os escritores brasileiros são unânimes e lamentam: “– Ô, Deus, por que cargas d’água o bendito do Euclides da Cunha era tão ruim de pontaria?!”

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CENA DE BAR

Um sujeito bebia no bar, e a cada novo copo, ele jogava um golinho no chão e dizia: “– Essa é pro meu santo!” Um outro copo entornado, e ele repetia a ladainha: “– Essa é pro meu santo!” A uma certa altura, alguém bateu nas suas costas e disse: “– Você querer que eu beba, tudo bem, mas me obrigar a beber lambendo o chão, não dá!”. Era o santo dele que havia aparecido...

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ATINAÇÕES

O que esperar de um país onde um padre – o padre Cícero – condecorou um bandido – o Lampião –, e um político – o Jânio Quadros – fez o mesmo com um fascínora – o Tche Guevara?

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RÉPLICA

O jovem que quiser ser mais nacionalista no que veste, não digo que deva abandonar estampas do Tche Guevara e usar estampas do Lampião – dois sanguinários ­–, mas sim usar imagens do Antonio Conselheiro. O que, você não sabe quem é Antonio Conselheiro?!

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SHOW DE FIM DE ANO

Você conhece o Braga Mora, cover do Roberto Carlos?

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CONVERSINHAS INFAMES - I

– Aquela estradinha ali no mato é a picada da cascavel.
– Como assim? Não estou entendendo.
– Aquela é a estradinha que leva à casa da minha sogra!
– Ah, bom!...

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SUPER-HERÓIS I

Até explicar para ele o porquê de o Homem de Ferro não passar na porta giratória de banco...

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SUPER-HERÓIS II

– Você gosta de cheiro-verde?
– Sim.
– Então cheira do cú do Hulk...

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SUPER-HERÓIS III

Eu nunca dei muita bola pro Batman, mas o pioneiro Clement Adler tentando voar com um aparelho em forma de morcego em 1903 foi o máximo! Santa invenção, Adler!

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ATINAÇÕES

Para os pássaros, os matagais dos terrenos baldios são mais importantes que as medíocres floreiras dos vasos.

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LUCIDEZ

As exceções que me desculpem, mas as regras são fundamentais.

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS - II

O que distingue os sararenses são as diferenças quantitativas e não as qualitativas: “quem tem mais que quem”, materialmente, do que “quem é mais que quem”, moralmente. O sararense é nada mais, nada menos, fruto do modo como se conjuga o verbo ter e ser.

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O BÊBADO E A MULHER FEIA

Me atirei no que vi, e arrematei o que não vi.

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CISMAS

Nos primeiros anos das conquistas espaciais, moscas-das-frutas foram enviadas nas espaçonaves. A pergunta que fica é: "- Estarão elas hoje revirando o lixo espacial?"

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VELHOS JARGÕES READAPTADOS

Nesta terra, em se desmatando tudo dá: cana de açúcar, café, soja, etc. Além disso, dá também assoreamento de rios, arbovírus, aquecimento global, tornados, secas, enchentes, fome, êxodo, queimadas, emissão de carbono, buraco na camada de ozônio, chuva ácidas, doenças respiratórias, empobrecimento do solo, voçorocas...

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OUVIDOS DE COBRA NAJA

Como o Nobokov e o João Cabral de Melo Neto, o sujeito era uma personalidade insensível à música.

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS - III

O porquê de a maioria de os ararenses serem tontos: é de tanto girar em volta do coreto da praça quando eram crianças.

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NÃO CONFUNDA

Não confunda a Amélia na cama com a Dama das Camélias.

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ATINAÇÕES

Em terra de cegos Argos é deus.

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RELÍQUIAS

Minhas tendências materialistas pendem para a nostalgia, a conservação e a afetividade, ao contrário da grande maioria das pessoas que tendem para o dinheiro, o luxo, o poder, a ostentação.

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS - IV

Sarara já foi uma cidade tão pequena que para ir do hospital ao cemitério era só atravessar a rua.

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ATINAÇÕES

Deus está em tudo e em todas as coisas, mas é na maioria dos homens que ele menos à vontade.

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NATURALIA

E por falar em nado borboleta, eis o peixe voador.

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CONVERSINHAS INFAMES - II

Hermeto Paschoal: – Vou fazer uma canja com galinhas, hoje, Jô.
Jô Soares: – Legal, Hermeto, mas me convida, hein - adoro canja de galinha.
Hermeto Paschoal: – Não é o que você esta pensando.
Jô Soares: – E o que é, então?
Hermeto Paschoal: – Eu vou fazer um som com as galinhas, Jô, vou dar uma canja...
Jô Soares (com riso amarelo): – Ãhhh!...

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SARARA, UMA CIDADE ÀS AVESSAS - V

Cristóvão Colombo provou que a Terra é chata nos pólos, mas ninguém precisa provar que Sarara é chata em todos os lugares.

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ATINAÇÕES

O meio mais eficaz de se certificar a respeito de o fato de que o homem que bebe mal também se alimenta mal, é analisar o seu vômito: ele não mastiga os alimentos...

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NÃO CONFUNDA

Não confunda a vida do Al Gore com a lida do Gore Vidal.

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ÓBVIAS ATINAÇÕES

Sou simpático aos mórmons que não veneram a cruz, por que ela é um instrumento de suplício e símbolo do sofrimento de Jesus. Fico imaginando o que seria dos católicos se Cristo tivesse morrido numa forca ou guilhotina...

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ATINAÇÕES

Para a ramela de nossos olhos, temos a nossa mão; para a meleca do nariz, os olhos alheios.

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AOS MODOS DE LOUIS PASTEUR

Cumpro meu destino biológico na Terra, não como devo, mas como posso.

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AOS MODOS DE MILLÔR

Eu não sou necessariamente contra a morte. Eu sou contra ser morto.

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AMOR

O filósofo Sarte disse: “O inferno são os outros”. E eu digo: “O paraíso é você!”

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CONVERSINHAS QUE NÃO SE OUVE POR AÍ

– Quanto eu pago por porco?
– Ãh?
– Quanto eu pago por cada!!
– O que você disse?
– Quanto eu pago pela porcada?!!
– Não entendi?
– Ah, vá pra pqp!!!

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CONVERSINHAS INFAMES - III

– As traças deviam estar com muita fome! Olha como destruíram esse livro meu!
– Livro do quê que era?
– Culinária...

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ATINAÇÕES

Se os índios, cada vez mais aculturados, começam a raciocinar como os urbanos, em breve irão reclamar à FUNAI de “matos sujos” por capinar, de pragas de mosquitos, cobras, baratas, ratos e escorpiões, e eis a natureza brasileira em sério perigo! Valei-me, São João Gualberto!

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CRAZY WORLD

Correr muito faz bem para a saúde. Carteiros e cachorros bravos estão aí para provar isso.

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SUTIS DIFERENÇAS

Coragem ativa: o jogar na cara, o meter o dedo no nariz – a coragem propriamente dita. Coragem passiva: a indireta, o falar pelas costas – a covardia dissimulada.

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VELHAS FRASES EM TEMPOS DE ECOLOGIA

Se a vida te der um limão, retire suas sementes e plante outros pés.

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ATINAÇÕES

O político estadista termina o muro iniciado pela administração anterior. O demagogo e populista derruba-o.

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CONVERSINHAS INFAMES - IV

– O Miécio Café e o Serginho Leite foram na padaria.
– Fazer o quê?
– Tomar um pingado...

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JEITINHO BRASILEIRO

A maioria esmagadora dos brasileiros é composta por tipos tão estúpidos, que, na falta de ônibus coletivos, ou ônibus lotados, eles protestam. E protestam depredando e ateando fogo... em ônibus!!!...

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NA FALTA DE UM RIO

Tá nervoso? Pega uma enxada e vai arrancar minhocas!

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NÃO CONFUNDA

Não confunda o pato que escarra sangue, com a sanguessuga do carrapato.

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COMO DIRIA O VELHO PORTUGUÊS

Sou daquele tempo em que se fazer conta de cabeça, era só colocar uma caneta atrás da orelha.

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domingo, 24 de janeiro de 2010

AS DUAS VISITAS DE D. PEDRO II À ARARAS

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Para quem acha que o Lula anda viajando muito, é melhor ler esta antiga história. A escritora Lilian Moritz Schwarcz, em seu livro As barbas do Imperador – D. Pedro II, um monarca nos trópicos (1998), escreveu a respeito do Imperador: “Diz Lyra que ‘os reis são grandes passeadores’. D. Pedro não fugia à regra”. O fato é esquecido ou ignorado pela maioria dos cidadãos ararenses, mas dentre as diversas visitas que o monarca fizera à nossa região, Araras esteve por duas vezes em seu roteiro: a primeira, em setembro de 1878, e a seguinte, em maio de 1887.

No livro Rio Claro Sesquicentenária lançado pelo Museu Histórico e Pedagógico “Amador Bueno da Veiga” de Rio Claro em 1978, encontra-se a informação de que o D. Pedro II, em companhia da Imperatriz Thereza Christina, visitou Rio Claro pela primeira vez em setembro de 1878 com o propósito de conhecer o ramal férreo da Cia. Paulista de Campinas a Rio Claro, inaugurado em agosto de 1876. Em outro trecho diz:

As nove horas da manhã, SS. Majestades, após um lauto desjejum, seguiram viagem no trem imperial para a cidade de Araras, com a promessa de D. Pedro de aqui voltar, pois, conforme declarou, foi muito bem recebido e tratado em São João do Rio Claro”.

Era o dia 21 de setembro, ocasião em que o Barão de Araraquara, José Estanislau de Oliveira, foi condecorado com o título de Visconde de Rio Claro. O Imperador vinha para a região após ter participado da Exposição Internacional da Philadelphia em 25 de junho 1876. Dois meses depois, em novembro de 1876, o “grande passeador” viajava em visita ao Líbano, a Síria e a Palestina. No ano anterior, em 20 de agosto de 1875, ele participou da inauguração do trecho de ferrovia que ligou Jaguariúna à Mogi Mirim.

A segunda visita de D. Pedro II à Araras se deu em 7 de maio de 1887. Foi quando Bento de Lacerda Guimarães e se irmão José receberam os títulos por decreto imperial de Barão de Araras e Barão de Arari, respectivamente. Nesta mesma data, Joaquim Egídio De Sousa Aranha, que era presidente da Cia. Paulista, construtor da Estrada de Ferro Jundiaí a Campinas foi também condecorado, recebendo a comenda de Marquês de Três Rios, e ainda condecorado com a Grã-Cruz da Imperial Ordem de Cristo. Foi rico proprietário urbano e rural, e destacando-se a fazenda Santa Gertrudes, no município de Rio Claro, mas não há informaçõe se ele foi condecorado em Araras ou Santa Gertrudes. Sabe-se que D. Pedro, no final de outubro do ano anterior, esteve na região visitando Limeira, quando se hospedara no palacete da fazenda Morro Azul, propriedade do senhor Rodrigo Brandão.

Para enfatizar os estreitos laços que o monarca tinha com algumas famílias de fazendeiros ararenses, relembro que em sua última passagem por São Paulo, em 1887, D. Pedro II fez questão de visitar em seu palacete a matriarca Da. Veridiana Valéria da Silva Prado, proprietária em Araras das fazendas Campo Alto e Engenho Velho.

Cita-se que após a inauguração da Igreja Matriz “Nossa Senhora do Patrocínio”, em janeiro de 1881, sua importância e a repercussão foi tamanha que Dom Pedro II aproveitou para conhecê-la. O prédio é uma réplica exata da Igreja de São João de Latrão, de Roma. Cita-se também que, a pedido de seu filho, o Barão de Araras aproveitou essa visita de D. Pedro II para libertar seus escravos.

À época dessa visita à Araras, o Imperador estava com 62 anos e doente de anemia – “parecia um velho consumido, marcado por rugas profundas, um olhar perdido e a imensa barba branca”. Após esta visita à nossa cidade, ele partiu para a Europa em 30 de junho para cuidar da saúde debilitada.

O professor Vicente Ferreira dos Santos, em sua coluna Cigalhos publicada na Tribuna do Povo, foi o historiador que mais escreveu sobre esta segunda visita, porém, estranhamente, disse estar presente no evento que ocorrera doze anos antes de ele ter nascido (1898) e mais, cita (com detalhes!) que não só viu a Imperatriz como também beijou sua mão... Nos seis textos seus publicados que usei para compor esta reportagem, além das inverdades, Vicente também se equivocou nas datas.

Em 6 de fevereiro de 1956, o jornal Semanário de Araras entrevistou um cidadão ararense que realmente presenciou a segunda visita do Imperador à Araras – o senhor João Antonio Eliseu –, nascido em 25 de janeiro de 1875. Também equivocado na data, citou que a visita se deu na mansão de Bento Lacerda de Guimarães, que se tornaria o futuro Palácio Hotel, hoje Banco Itaú.

Ele escreveu:

“Vi D. Pedro II, quando da sua visita à nossa terra, isto em 1885 mais ou menos. O Imperador veio de trem, sendo recebido na estação da Cia. Paulista de nossa cidade pelo Cel. Justiniano, que para servir a nobre visita mandou vir um carro tipo Cupê, todo de vidro, bem como uma parelha de cavalos argentinos, que transportou o imperador através de nossa cidade, indo parar no Palácio Hotel para o almoço, e em seguida levou-o à Fazenda São Joaquim, de propriedade do referido Cel.”

Disse ainda que o cocheiro foi o senhor José (Juca) Pinto, e complementou:

“Foi uma festa e tanto, que naquele tempo foi a que mais gente reuniu em nossa terra.”

Lilian Schwarcz também diz que

“Com D. Pedro II viajavam, também, os rituais monárquicos e alguns cerimoniais: disposições e provinciais para a chegada do soberano a diferentes cidades, as recepções grandiloqüentes em seu retorno à corte; nestas, os moradores eram instruídos a iluminar a frente de suas casas e a orná-las com tapeçarias, ao mesmo tempo que as ruas pelas quais passasse o cortejo imperial deveriam ser areadas e juncadas de folhas e flores”.

Nestas visitas era costume também hastear

“bandeiras, missa e te-deum, bandas de música, repique de sinos e lencinhos de cambaria agitados no ar. (...) Gastava-se muito dinheiro nessas ocasiões. Costumavam-se construir palanques, decorar toda a cidade, assim como se comunicava com antecedência a roupa apropriada para as recepções”.

Ainda segundo Vicente Ferreira dos Santos, a estrada por onde o monarca passou quando se dirigiu à Araras (ao que parece, na segunda visita), ficou conhecida na época como Estrada do Imperador. Ela partia da fazenda Remanso – onde ele se hospedara – passava pela fazenda Paineiras, e ao entrar no bairro do Facão, ia ladeando a estrada de ferro até chegar à estação, por onde seguia pela atual avenida Washington Luís indo desembocar no entroncamento das atuais ruas Liberdade e Nunes Machado, por onde tinha acesso ao centro da cidade. Portanto, quem passa atualmente pela avenida Limeira (“estrada do Facão”), está se deslocando por esta via onde o Imperador com sua carruagem real e a guarda de honra passaram há mais de um século atrás. A fazenda Remanso, à época, pertencia ao político Bento Francisco de Paula Souza, por sinal, então deputado na Assembléia Legislativa.

Mapa por Wenilton Daltro

Já o historiador Nelson Martins de Almeida citou que o Imperador, quando de sua visita, plantou uma palmeira-real (Roystonea oleracea) na fazenda Montevidéu, mas não especificou a data do feito. Esta palmeira, da qual restou o tronco, fui fulminada por um raio anos atrás. Como se sabe, todas as palmeiras-reais distribuídas pelo país que no século XIX vieram ornar as fazendas do baronato do café, são filhas das palmeiras-reais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro criado por D. João VI, palmeiras estas biopirateadas à mando deste monarca, que incumbiu um oficial da Real Armada Portuguesa de “subtrair” 20 caixotes do Jardim de la Pamplemousse, situado nas Ilhas Maurício, jardim criado por franceses.

D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina ainda estiveram outras vezes na região: em 1877, ou 1878, segundo outra fonte, o monarca visitou Pirassununga, quiça na mesma data em que esteve em Araras; anos depois, em 31 de outubro de 1886, fizera uma rápida visita à Descalvado, e em 7 de novembro domesmoano retornara novamente à Rio Claro, donde partiu para São Carlos do Pinhal (na foto, na citada data, D. Pedro II em Rio Claro, o 3º à esquerda). Nesta ocasião, São Carlos recebia festivamente em trem especial, o Imperador, o Marquês de Paranaguá e o Conde do Pinhal, que para lá partiram, os três sentados em bancos sobre o limpa-trilhos do trem.

É possível que no diário que o Imperador escreveu – lançado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – sejam encontrados mais dados sobre estas viagens empreendidas à nossa cidade, bem como hajam fotos em seu acervo particular. Também, uma consulta mais atenta às atas da Câmara Municipal desse período, bem como aos arquivos da fazenda São Joaquim, onde ele esteve hospedado, talvez revelem outros pormenores.


BIBLIOGRAFIA (23 fontes, consultar o autor)

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sábado, 28 de novembro de 2009

A KAPSA "PINTA VERMELHA", UMA GRANDE MÁQUINA FOTOGRÁFICA!

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Um belo dia, eu, menino, estava na sala de espera de um dentista, e folheando uma revista encontrei uma interessante reportagem sobre como fotografar o céu noturno estrelado. Louco que era por assuntos astronômicos e fotográficos, não pensei duas vezes em arrancar secretamente a reportagem da revista. Iniciava-se aí um hábito que me acompanha até hoje: “roubar” reportagens de revistas de consultório... Mas, voltando ao assunto, a reportagem dizia que, para se fotografar o céu noturno, uma máquina popular e barata como a Kapsa, que ainda era encontrada no mercado, seria a ideal, uma vez que ela possui o dispositivo para se fazer fotos com longas exposições, em “pose” e sem o uso de flash. Popularmente, ela era conhecida como “caixão de abelhas”...

Quanto à reportagem sobre como se fotografar o céu, apesar de eu ser cuidadoso e guardar até hoje muitas das coisas que influenciaram a história de minha vida, infelizmente ela se perdeu e pouca recordação tenha dela, mas lembro-me de uma foto que mostrava o traçado que as estrelas deixam no céu em seu movimento aparente, para ser mais preciso, era uma foto da estrela Polar com as estrelas girando em torno dela numa longa exposição de tempo.

Clique no folheto para vê-lo em tamanho melhor.

Como o meu amigo Osvaldo Tesche tinha uma máquina dessas, mostrei a reportagem à ele e sugeri de fazermos umas fotos noturnas do céu e ele topou. Comprei um filme preto e branco de 400 ASA, Trix-X Pan profissional e, numa certa noite, fui até a casa dele, e na colônia de cima, no quintal da escola e no campo em frente a venda, fizemos vários fotos. O problema é que além de não termos sido bem sucedidos, algumas fotos se perderam. Por outro lado, um novo campo fotográfico era aberto para nossas instigantes experiências com fotos noturnas. E esse foi o exato momento em que surgiu meu interesse definitivo pela fotografia, momentos daqueles que constituem um dos mais marcantes episódios de minha vida. Assim, aos 13 anos, fiz minhas primeiras fotos do céu noturno com essa Kapsa “pinta vermelha”.

A partir desta data, tanto eu quanto o Tesche, o Marcelo Aragão, meu irmão Weber, e mais tarde dois primos na cidade, fizemos muitas fotos com a Kapsa, e grande parte delas eram fotos experimentais, com sobreposição de chapas, pincéis de luz, fogos de artifício, chispas de Bombril incendiado, e até mesmo o desafio de se escrever na chapa com a luz da lua! Ia me esquecendo que, depois que mudei para a cidade, me apoderei de uma pertencente à um amigo que havia dado um sumiço numa monareta minha.... (na ilustração, anúncio de 1958; notar o flash).

Fazer fotos do céu noturno com a Kapsa não era brincadeira – devido ao fato de o visor desta máquina ser pelo sistema de espelhos (viewfinder). À noite, era praticamente impossível mirar imagens com pouca luz, e as estrelas não se podia vê-las, ao contrário da lua, que já na fase nova era visualizada. Desse modo, fotografando-se em pé, tínhamos que colocar ela apoiada na barriga e ver a cena de cima através do pequeno visor. Fotos noturnas com exposição de tempo nem pensar sem tripé ou apoio num substrato qualquer. No entanto, em seus disparador ele tinha uma rosca onde se podia encaixar um cabo extensor, de modo a não interferir na máquina na hora do disparo. Nestas horas, fotos tremidas eram comuns...Em muitos casos, devida à péssimas condições de iluminação, tínhamos que fazer mira no chutômetro. Fotografei por anos a fio com a Kapsa, mas com a compra de uma máquina digital em 2007, a minha velha Kapsa, assim como a minha Olympus Trip 35 (foto), estão curtindo uma merecida e definitiva aposentadoria. Na foto acima, a constelação de Órion, feita por mim e o amigo Osvaldo Tesche em 14-11-1974.; tempo de exposição 15 minutos, das 21:45 às 22:00 hs; notar a antena no lado direito.

Convém ressaltar que a Kapsa, que surgiu nos anos 50, tinha dois recursos interessantes e, que eu saiba, recursos não existentes em qualquer máquina digital moderna, como o de exposição de tempo infinita com o obturador aberto, além de ser possível se fotografar mais de uma vez na mesma chapa, o que permitia fazer fotos fantásticas com sobre-exposição. Normalmente, era, feitas 16 fotos no tamanho 4,5 x 6 cm, mas ela tinha um recurso incrível em sua parte interna que permitia se fazer uma única foto em dois negativos; assim, era possível se fazer 6 poses no tamanho 6 x 9 cm. Para se fazer estas fotos, também era necessário remover uma chapinha no visor para que ele ficasse nesse padrão de imagem. Desse, modo, não era necessário fazer ampliação da foto na hora da revelação, pois o negativo já possuía um bom tamanho.

Seus ajustes de abertura do diafragma eram manuais, e contava com apenas 3 ajustes (F22, F16 e F11). As velocidades de disparo eram apenas duas: 1/100 e "B" (nesta opção o obturador fica aberto enquanto se mantém o disparador pressionado). Além da Pinta Vermelha, existia a Pinta Verde e Azul, que se tratavam de modelos mais simplificados. Sua lente era uma Vascromat 110 mm, e a regulagem de distância eram 1-2, 2-8, 8 metros e Infinito. Era uma máquina simples e resistentes, feita de baquelite, trabalhando com filme 120, como o Agfa, de preço até hoje muito acessível.

Negativo 120

A fabricante da Kapsa era uma indústria ótica brasileira, a D. F. Vasconcelos, empresa ainda existente, que iniciou suas atividades em 1941 na cidade de São Paulo, com a fabricação de telêmetros de depressão para Artilharia de Costa, encomendados pelo Exército Brasileiro. Era também fabricante de teodolitos, microscópios e binóculos, sendo que a Kapsa foi a primeira máquina fotográfica nacional do tipo caixão – um grande sucesso tecnológico inspirada na velha Kodak, surgida no início do século, cujo modelo durou até os idos de 1950. E quantos fotógrafos deste país não tiveram seus primeiros rudimentos em fotografia estreando com uma velha Kapsa?

"The winter-sky star trail over the vast Khoor salt lake in Iran". Notar o movimento aparente das estrelas. Foto de Ehsan Sanael Ardakani.

Vale lembrar que a D. F. Vasconcelos foi a construtora do famoso brinquedo Polyopticon (fotos abaixo), lançado por volta de 1974, com o qual se montava lunetas, microscópios, binóculos, etc., brinquedo que, por sinal, eu tive o prazer de conhecer e brincar, uma vez que o meu amigo Sylvio Baggio possuía um. Aliás, o Tesche também tem desta marca um pequeno binóculo 3 x 40 que é uma relíquia (anúncio abaixo, década de 1970). Enfim, vale lembrar que a maioria das fotos noturnas da Usina Palmeiras da década de 1970 foram feitas com ela.

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